A negociação de Neymar com o Barcelona representa mais do que a simples concretização de um sonho de criança do craque e um desejo de consumo do clube catalão. Há um fator que ainda não se pode medir em números ou moeda, mas que terá impacto brevemente no futebol brasileiro. Em especial no jogador de futebol profissional brasileiro.
Neymar reconduz o boleiro nacional a uma posição de protagonismo em uma grande equipe do mundo. Desde a última grande fase de Adriano na Internazionale de Milão, da Itália, o Brasil não emplaca um craque como astro em um time de repercussão global. Reflexo indiscutível da crise técnica pela qual passa o país nesta área. Há jogadores brasileiros se destacando em bons times da Europa, mas protagonistas? Infelizmente, não. Diego, Robinho, Pato, nenhum deles vingou como grande craque em escala planetária.
Neymar reúne todas as qualidades para mudar essa história. É jovem, bom de bola, carismático e midiático. Jogará numa equipe de perfil leve e técnico e num campeonato nacional no qual a marcação não é o principal objetivo. Na Espanha há espaço e um clima mais favorável a uma adaptação sem grandes sustos. O atacante deve passar por um trabalho de fortalecimento muscular para enfrentar sem medo o jogo mais pesado da Europa, notadamente na Liga dos Campeões.
Em quatro temporadas e meia como profissional, Neymar colecionou títulos e deu visibilidade aos atletas de sua geração. Lucas, que hoje se estabelece no Paris Saint-Germain, evoluiu por seus méritos e qualidade, mas certamente pegou carona no efeito provocado sobre sua geração pelo furacão Neymar. As comparações, tecnicamente injustas com o ex-são-paulino, colaram sua imagem à da joia santista e catapultaram seu valor de mercado.
A questão salarial também tem o “dedo” de Neymar. Suas negociações de contratos publicitários alavancaram esse mercado para outros atletas. A consequente preocupação dos clubes em perder jovens valores para o mercado europeu fez com que novos contratos fossem redigidos, com aumento do valor dos direitos econômicos e, paralelamente, o incremento dos salários.
Tudo isso aconteceu por causa de um garoto atrevido, de péssimo gosto para penteados, mas de cultura refinada para jogar futebol. O jogo ficará mais pobre por aqui, mas a semente plantada de um estilo criativo, ofensivo, ousado, pode resgatar no futuro a marca registrada do futebol brasileiro. Por mais que doa em nossos corações futebolísticos admitir isso, a verdade é que o espírito do futebol cinco vezes campeão já não habita essa Terra de Santa Cruz. Por isso, Neymar foi embora. Não apenas para ficar ainda mais (e justa e honestamente) rico. Ele foi ser feliz!
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